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Opinião - 02/12/2021 - NippoBrasil
Onde o moderno é ser tradicional

A publicação de Japan 1900, pela Editora Taschen, ilustra as transformações de uma sociedade agrícola para urbanizada e ajuda a entender como o país ocupa o posto de primeiro credor e maior investidor do mundo.

Texto: Jorge Barcellos

Ao longo de mais de dois milênios e meio de história desenvolveu-se nas ilhas do arquipélago japonês uma pujante sociedade cujo passado oferece ricas lições de como a cultura, identidade nacional e o valor dado ao trabalho são essenciais para definir um povo. No momento em que o capitalismo neoliberal vive seu êxtase com a desagregação das culturas nacionais, a luta social e política e a exploração e desvalorização do trabalho por grandes conglomerados - inclusive japoneses - é importante buscar no passado daquele país a preservação de valores universais, difundidos pelo mundo pelos japoneses através da imigração. Eles serão capazes de sobreviver a sua economia neoliberal em expansão?

A questão encontra amparo no fato de que em 2025, daqui há exatos três anos, serão comemorados os 120 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão, oportunidade de aprofundar as reflexões iniciadas em 1995 pela Universidade de São Paulo, quando a professora Nobue Myazaki propôs o projeto “A Cultura Japonesa Pré-Industrial” para rever as bases do trabalho da sociedade japonesa moderna. Frente a uma sociedade hoje imersa no capitalismo planetário, quais eram e como ela preservou valores da vida do Japão pré-industrial e como eles se transformaram em exemplo para o trabalho em todo o mundo? Diz o professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Jacques Markovitch: “- Todos dizem que outros milagres, além do econômico, enchem de orgulho o povo japonês. Dentre eles, o milagre de trabalhar em condições adversas e o de fazer coexistir o seu progresso material e as suas tradições. Eis uma virtude a mais na vida nacional do Japão: cultivar a boa tradição. Isso é saber escolher, saber distinguir. Saber vencer o tempo, filtrando, em sua passagem, os valores dignos de permanência.”

Em Japan 1900 (Editora Taschen) temos a visão original das origens tradicionais do Japão moderno. Organizado por Sebastian Dobson, pesquisador independente dos primórdios da história da fotografia japonesa e Sabine Arqué, documentarista e autora de inúmeras obras de história do turismo e da fotografia, a obra é um calhamaço de cinco quilos e meio, onde mais de 700 ilustrações dividem suas 532 páginas de história do Japão do inicio do século XX, um volume que mede 33x47cm, o que o transforma no maior livro que você lerá em sua vida. A Editora Taschen, depois de se consagrar na publicação de grandes obras sobre grandes cidades como Paris, Nova Iorque, Berlin e Los Angeles, passou a editar obras dedicadas a grandes países como França, Alemanha, Itália e o Japão, entre outros em volumes de peso. Editora fundada por Benedikt Taschen na cidade de Côlonia nos anos 80, inicialmente era voltada para a impressão de obras de baixo custo mas hoje, com sua filha Marlene Taschen, transformou-se em uma editora de livros que são verdadeiras obras de arte, razão pelas quais seus preços possam parecer salgados ao leitor brasileiro. Em uma época em que o livro digital parece dominar o mundo, é um esforço e tanto: porque o leitor deveria investir num livro o que gasta num celular? Porque não se tratam de imagens captadas pelo Google Earth, mas recolhidas em acervos raros espalhados pelo mundo que permitem passear pelos encantos de Nagasaki na virada do século XX, ver como os antigos japoneses registraram em fotos o santuário de Miyajima, como andavam pelas ruas de Kobe à sua agitação nas fábricas de Osaka ou nos quarteirões tradicionais de Quioto e Nara, resgatando cenas de uma época do Japão onde a tradição convivia com a modernidade. Após um capítulo introdutório, onde os a autores descrevem as condições de acesso ao Japão do inicio dos anos 1900, a obra é organizada em cinco seções que correspondem às principais regiões da ilha.

Um tour pelo Japão

Dobson & Arqué introduzem a obra afirmando a idade do ouro das viagens aos Japão coincide com os quarenta e cinco anos do reinado do imperador Meiji, período que inicia em 1868 com o fim da ordem feudal e põe fim ao isolamento do país do resto do mundo que vinha há cerca de duzentos anos “- Esse novo governo das Luzes vai até 1912, período em que o Japão se integra à ordem internacional, constrói sua marinha e participa de guerras importantes contra a China (1894-1895) e Rússia (1904-1905)”, afirmam os autores. É nesse período em que se consolida a arte da fotografia no Japão e que os hábitos ocidentais afetam as tradições orientais. Essa história inicia, segundo os autores, para os estudiosos da fotografia japonesa no presente quando eles vencem a primeira barreira, o idioma e, para os praticantes da fotografia no passado, quando venceram a primeira barreira do acesso a uma máquina fotográfica. Criada em 1839 pelo francês Louis Daguerre, não há uma resposta para quando chegou no Japão a primeira máquina fotográfica, então chamada Daguerreótipo. Pesquisadores japoneses acreditam que a primeira máquina teria chegado a Nagasaki importada pelo comerciante japonês Ueno, cujo filho Hikoma Shunnojo se tornaria um dos primeiros fotógrafos japoneses profissionais, ainda que, conta a história, não tenha ficado tão rico com a arte como o fotógrafo japonês Kajima Seibei. Um ano depois, a câmera, juntamente com produtos químicos e equipamentos, teria sido vendida para o poderoso daimyo Shimazu Nariakira, que começou a experimentos fotográficos.

Durante esse período, a cultura japonesa procurou acompanhar o ritmo do mundo como na participação de suas equipes nos jogos olímpicos de Estocolmo, no retorno de uma expedição japonesa da Antártida e pela presença de um japonês a bordo do Titanic. Para Dobson & Arqué “- ao mesmo tempo em que o país se transforma em destino turístico e, portanto, objeto predileto dos fotógrafos, é essa qualidade de destino turístico que faz com que melhore o acesso ao interior do país, o que faz com que o termo “globe-trotter”, inventado em Yokohama, defina a nova geração de viajantes pelo como os que viajam pelo “mundo todo”. Júlio Verne, em sua obra A volta ao mundo em oitenta dias, diz que se levava quarenta e dois dias para ir de Londres à Yokohama, o que reduziu-se para vinte e um dias com o ingresso da Canandian Pacific Steamship Company no mercado, e depois ainda esse prazo reduziu-se para dezessete dias, num trajeto via Moscou pela ferrovia transiberiana, a famosa rede que liga a Rússia Européia ao Extremo Oriente, podendo-se daí por navio a vapor chegar até ao Japão.

Serviço:
Amazon.com.br
Editora: Taschen; 1ª edição em 25 junho 2021
Idioma: Multilíngue
Capa dura: 536 páginas
ISBN-10: 3836573563
ISBN-13: 978-3836573566

(*) Jorge Barcellos é Doutor em Educação/UFRGS, autor de O êxtase neoliberal (Clube dos Autores, 2021)

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