A ideia de que vivemos em um clima de competição aborrece
muita gente. A maioria das pessoas descreve o mundo como gostaria que
fosse: cor de rosa, onde as coisas acontecem segundo os seus desejos.
Não é bem assim. Os resultados que conseguimos não
são decorrência de nossos desejos, mas do comprometimento
que temos com eles. A vida não é a materialização
de propostas, e sim o resultado de nossas ações.
Essas pessoas gostam de pensar que estão caminhando sozinhas por
uma estrada, como se não houvesse no mundo ninguém além
delas. Aliás, era exatamente assim que se encarava o mundo dos
negócios antigamente. As opções eram poucas e parecia
realmente que cada empresa constituía uma espécie de ilha,
cercada de consumidores por todos os lados. Era melhor? Bem, para o consumidor,
que não tinha escolha, não. Quantas vezes os lojistas não
trataram você como um cambista em dia de show dos Rolling Stones?
Acabou a era do desprezo usual pelo cliente: Se quiser pega, senão
tudo bem, tem outro na fila. Agora, o cliente simplesmente vai ao
concorrente se não for bem tratado. O cliente está cada
vez mais apto a escolher o melhor.
A negação do sistema competitivo fez com que muita gente
talentosa não progredisse e se comportasse como peixes que, quando
quiseram crescer, foram presas fáceis dos tubarões.
Se tivermos clara a ideia de que criamos nossos resultados em um ambiente
competitivo, poderemos diminuir muito a tensão. Exatamente como
um atleta. Quando está bem preparado, ele se desgasta menos, mesmo
sabendo que terá de enfrentar outro time com igual objetivo. Ele
tem consciência de que a disputa faz parte da sua vida. Sabe que
o oponente vai querer anular suas melhores jogadas, explorar seus pontos
fracos, e que seu trabalho é cheio de desafios.
Em vez de reclamar, ele batalha, planeja suas jogadas, luta, sua a camisa
a cada minuto para vencer. Sabe que sua carreira depende dos resultados
que conquistar. Não tem ódio dos adversários, nem
os despreza. Admira suas qualidades, aprende com elas e tem um prazer
indescritível em superá-los.
Nós todos sabemos que a competição faz parte de
nossa vida desde que um espermatozoide do pai venceu a corrida
contra os outros para fecundar o óvulo da mãe. Mas, no fundo,
continuamos com a ideia de que andamos sozinhos pela estrada. Quando alguém
nos supera, ficamos chateados por não ter nos avisado.
Está na hora de pensar que, na verdade, apostamos uma corrida
que todos querem ganhar e que não existe outra solução
a não ser nos prepararmos para ela.
|