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Iolanda Keiko Ota
Com 213.024 votos, Iolanda Keiko Ota tornou-se a primeira mulher nikkei
a ser eleita para uma cadeira parlamentar
 

(Reportagem e Foto: Yumi Maeda e Lays Ushirobira/NB)

Há 13 anos, Ives, o filho de Iolanda e Masataka Ota foi sequestrado e morto. Os assassinos cumpriram apenas seis dos 43 anos a que foram condenados. Na busca pelo fim da impunidade, o casal embarcou em uma campanha contra a violência e criou o Instituto Movimento da Paz e Justiça Ives Ota.

Candidata a deputada federal, Iolanda foi a 11ª mais votada, com surpreendentes 213.024 votos, tornando-se a primeira mulher nikkei a ser eleita para uma cadeira parlamentar. Confira abaixo a entrevista exclusiva com a deputada sobre sua campanha, planos políticos e como ela e o marido superaram a perda do filho Ives, que completaria 21 anos em 2010.

 
Entrevista

Reprodução do cartaz da campanha

NippoBrasil - Por que decidiu se candidatar?
Iolanda Keiko Ota
- As três milhões de assinaturas que recolhemos ao longo de um ano e meio (cobrando maior rigidez em casos de crimes hediondos) me levaram à candidatura. Na época, eu atendia mães, crianças vítimas de violência, então ficava preocupada, achávamos que alguém iria abraçar nossa causa e faria algo, e isso não ocorreu. Esse foi um dos motivos que me levaram a ser candidata a deputada federal.

Nippo - Qual o balanço geral de sua primeira campanha?
Iolanda -
Essa campanha foi maravilhosa. Mesmo em um curto espaço de tempo, logo começou a ganhar força, e não teve muita ajuda do partido, foi na base do voluntariado mesmo. Eu ia fazer campanha nas ruas, entrava em comércios, meu marido ia para um lado e eu ia para o outro, as pessoas queriam multiplicar isso, levando nossos “santinhos”. Adesivamos nosso carro e as pessoas também queriam adesivos. Nos paravam na marginal, na Zona Leste. Foi uma campanha gostosa de se fazer, pois tivemos muita aceitação de pessoas que nos abordavam na rua e diziam “voto em vocês”, “amo vocês”. O telefone não parava de tocar, o site teve muito acesso, foi um trabalho voluntariado que ganhou corpo e chegou nesse número de votação, de 213.024 votos. Se eu tivesse tido mais tempo, mais disposição na mídia, eu teria um número ainda maior. E não consegui ir ao interior, só ficamos em São Paulo, onde nós moramos. Então foi muito bom, esse amor dos voluntários, dos amigos, da vibração dos eleitores

Nippo - Como foi a participação de seu marido nesse processo?
Iolanda -
Ele também é uma figura persistente e foi o meu maior incentivador. “Seu Ota” é forte, nós conversamos muito, trocamos ideias, amadurecemos e chegamos num consenso. Sou firme, ele também é, então deu tudo certo.

Nippo - O expressivo número de votos surpreendeu você?
Iolanda -
Eu achava que ia entrar devido ao meu trabalho de 13 anos (na ONG), mas não esperava essa votação expressiva, então me surpreendeu, sim. Quero dirigir a minha eterna gratidão a todos, e vou dar o melhor de mim para que as pessoas fiquem honradas e sintam que aquele foi um voto consciente.

Nippo - Quais são seus planos na Câmara Federal?
Iolanda -
Uma bandeira minha é contra a violência, para termos uma lei mais rígida contra crimes bárbaros, hediondos, para quem mata crianças, violenta mulheres.

Nippo - E quais medidas concretas podem ser adotadas?
Iolanda -
No Brasil, quem mata 15, 20, pega no máximo 30 anos de cadeia, mas existe a progressão penal, que é um direito que o preso tem, que diminui para 2/5. Fazendo as contas dão 12 anos no máximo. Para os crimes bárbaros, a meta é elevar de 30 para 100 anos e aplicando os 2/5, serão 40 anos. Também acredito que existem múltiplas causas que levam a pessoa a ser violenta, então outra bandeira que eu gostaria de levantar é a prevenção à violência. Quero apoiar uma educação de qualidade no período integral e cursos técnicos nas escolas públicas. Vou instituir o “Dia nacional do perdão”, pois eu acho que o ódio é o que destrói, corrói as pessoas. Percebemos que algumas dessas pessoas violentas nada mais são que crianças que viram e sofreram violência dentro de casa (não são todos os casos). Também vamos criar a “Semana da cultura e da paz”, onde vamos rever o amor ao próximo, resgatar valores importantes, valorização da vida, conscientizar a importância da paz e da força do perdão na nossa vida. É um conjunto de leis que irá se chamar Ives Ota para promover a paz e a justiça no Brasil.

Nippo - Como encara o fato de ser a primeira mulher nikkei a ser eleita. Isso a deixa com mais responsabilidade?
Iolanda -
Eu nunca tive vontade política. Porém, alguns anos após a fatalidade, recebi muitos convites para a política, mas eu ainda estava me curando da dor. Agora achei que era a hora de me candidatar. Estou muito orgulhosa por ser a primeira nikkei eleita, pois eu tenho só a agradecer aos meus ancestrais.

Nippo - Como é o contato da senhora com a comunidade?
Iolanda -
Achei que a comunidade nikkei teve uma boa aceitação, muitas pessoas abraçaram a causa de forma voluntária. Tive apoio de presidentes de clubes, então foi uma corrente do bem. Participei de festas e festivais japoneses, fui conversar com o eleitor, fui buscar voto.

Nippo - Quais as atividades desenvolvidas no dia a dia pelo Instituto Ives Ota?
Iolanda -
Nós temos treinamentos de equilíbrio mental, através da reconciliação, a “terapia do perdão”, pois as pessoas têm duas mentes: o consciente e o subconsciente. O consciente é o que estamos fazendo agora. O subconsciente é aquele que entra na nossa mente sem a nossa ordem, que são as coisas negativas que acontecem, coisas que são jogadas na nossa mente. O treinamento visa tirar esses acontecimentos do pensamento. Temos atividades no Dia das Crianças, na Páscoa, quando distribuímos 8 mil ovos para as crianças, o Natal que fazemos na pracinha do Ives. Damos também palestras na Fundação Casa, em escolas da periferia, igrejas. No cotidiano da instituição, temos atendimento psicológico para as crianças de escolas públicas. São cinco profissionais que atendem essas crianças, fazendo terapia. Conversamos com elas, com os pais, é feita uma terapia do perdão com os pais. Todo ser humano é divino, o que camufla é o sentimento ruim, de mágoa, rancor, vingança. Então essa terapia é uma terapia de equilíbrio mental, faço dinâmicas, pois a criança só vai melhorar se o pai melhorar. É um trabalho conjunto, não adianta darmos condições para crianças se elas chegarem em casa e a mãe está bêbada, batendo nos filhos, então trabalhamos essa interação para conscientizar. As psicólogas fazem treinamento com eles, usam os brinquedos que temos na instituição e eu faço essa parte de tirar o ressentimento.

Nippo - A senhora é muito ligada à religiosidade. Como isso a ajudou no conforto após a tragédia com seu filho?
Iolanda -
Eu posso dizer que, se não houver fé, se não acreditarmos em Deus, a gente não sai do problema. Porque tudo é Deus. Eu não tenho uma religião específica, um sectarismo religioso, mas eu acredito muito em Deus. Eu vejo muita coisa boa, gosto da filosofia Seicho-no-ie, também gosto do budismo, pois sou oriental, então carrego muito do culto aos nossos ancestrais. Tenho certeza que Ives está abençoando toda essa corrente do bem, acredito que essa minha entrada no Congresso vai ser uma coisa boa.

 Arquivo - Entrevistas
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• Sachio Miura
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