Junji
Abe *
Choramos
de alegria, sofremos, nos indignamos com a farsa de Lochte e nos
orgulhamos dos espetáculos produzidos pelo Brasil, com
o trabalho descomunal de voluntários. Mais do que memórias
e medalhas, os Jogos Olímpicos Rio-2016 deixam um legado
fabuloso. As histórias são marcantes. A da judoca
Rafaela Silva, dona do primeiro ouro brasileiro é a carioca
pobre da Cidade de Deus que, não fosse o esporte, poderia
ter destino similar ao de seus amigos presos ou mortos. A do pugilista
baiano Robson Conceição, também dourado.
Ou a de Thiago Braz e seu salto de ouro. O que dizer de outro
menino pobre, que levou a canoagem nacional a um nível
nunca imaginado? Isaquias Queiroz, vencedor de três medalhas,
teria largado o esporte, se não fosse gente que acreditou
nele. Outro herói improvável é o ex-pedreiro
Maicon Siqueira, bronze no taekwondo.
Todos eles
encontraram no esporte o caminho da superação. Fica
ainda o exemplo do quarentão Serginho, o maior líbero
de todos os tempos e guardião do time de ouro do vôlei
masculino. Ele chorou por falta de dinheiro, mas manteve o foco
e a fé, sem deixar de valorizar as origens. Assim foi com
outros medalhistas.
Vimos também
que, acima das competições, deve prevalecer a bondade,
como a da neozelandesa Nikki Hamblin, que parou para socorrer
a americana Abbey DAgostino, vítima de acidente na
corrida de 5 mil metros. Ao passar a bola para Tóquio,
particularmente para as mãos do meu xará, o premiê
japonês, Shinzo Abe, o Brasil tem motivos para cultivar
novos sonhos. Que as histórias de superação
inspirem outros brasileirinhos. E façam governantes investirem
na oferta de esportes. Não é só questão
de pódio. É ferramenta indispensável à
promoção da cidadania. E poderosa vacina contra
a ociosidade que favorece a violência.
Até
2000, Mogi das Cruzes envolvia menos de 10 mil mogianos num único
projeto municipal. Assumimos a Prefeitura em 2001, lançando
os primeiros programas para práticas esportivas e lazer.
Em 2008, quando deixamos o cargo, as dez principais iniciativas
só de esportes atendiam, por ano, 130 mil pessoas de todas
as idades. As ações foram ampliadas pelo meu sucessor.
Um dos mais bem-sucedidos projetos é a Rua Feliz, com 13
anos de existência 5,5 anos deles em nossas gestões,
agregando mais de 450 mil atendimentos.
Envolvida
com esportes e lazer, a comunidade exercita a cidadania e cultiva
a integração social. Nesse campeonato, se joga todo
dia. Nada de mitos. Há gente comum cumprindo seu papel.
E isso faz toda a diferença na estrada onde a única
derrota é a desistência. Que venha Tóquio!
Que venham dias sempre melhores!
|