Junji
Abe*
A
cada semana, o governo acena com a possibilidade de criação
de um novo imposto ou do aumento de alíquotas dos existentes.
Parece haver uma tentativa de definir o tipo de rombo que se praticará
no bolso do brasileiro, a partir das reações da
sociedade às esdrúxulas ideias jogadas ao vento.
O governo
já acenou com a malévola iniciativa de ressuscitar
o zumbi chamado CPMF, o tal imposto do cheque, extinto em 2007
após muito esforço. Deu ruim. Como era de se esperar,
a sociedade reagiu com fúria à ameaça de
voltar a bancar a alíquota extra de 0,38% sobre seu suado
dinheiro.
O povo
sabe muito bem que não é só rico que pagaria
a CPMF. O imposto estaria nos preços de todos os produtos.
Aliás, o peso do tributo na vida do pobre seria muito maior.
A grita geral fez o Planalto recuar.
A bola
da vez é o imposto de renda. Setembro chegou com a notícia
de que o aumento do tributo é estudado como forma de contribuir
para o reequilíbrio das contas públicas. Alegação:
Brasil é um dos países que menos abocanha imposto
sobre a renda da pessoa física, em relação
a outros da OCDE (Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico).
Isso
não tira do Brasil a condição de ser o país
com o maior número e a maior carga de impostos do planeta.
Cada brasileiro tem de trabalhar cerca de cinco meses só
para pagar os tributos. Mais: a tabela de desconto do IR na fonte
vem sendo, sucessivamente, corrigida abaixo da inflação.
Significa aumentar a carga tributária das pessoas físicas.
Estudo
do Sindifisco Nacional (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita
Federal) mostrou que a defasagem atingiu 64,3% nos últimos
19 anos. Entre 1996 e 2014, a tabela foi corrigida em 98,6%, enquanto
o índice oficial de inflação subiu 226,3%.
Para dizer o mínimo, o limite de isenção
teria de ser de R$ 2.937,30. Em 2015, está em R$ 1.903,98.
A sociedade
precisa se manter mobilizada para rejeitar, com pleno vigor, qualquer
aumento na já colossal carga tributária existente.
Quem cuida do orçamento em casa sabe muito bem que precisa
cortar despesas para recolocar as finanças nos trilhos.
Com o Brasil não é diferente. Chega de terrorismo
tributário.
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