Da
redação Nippobrasil
A gradativa
recuperação da economia japonesa e a escassez da
mão de obra, por causa da baixa natalidade de seu povo,
são alguns dos fatores que têm impulsionado o aumento
da oferta de empregos para os brasileiros no Japão. Desde
o início deste ano, as agências de recrutamento sediadas
no Brasil vêm recebendo mais ofertas de vagas do Japão,
após longo período sem muito movimento. As
ofertas de emprego praticamente triplicaram, se comparadas às
do ano de 2014. Antes, tinha cerca de 10 a 40 vagas mensais disponíveis;
hoje, são mais de cem vagas, diz T. Ebihara, da agência
ASP, de São Paulo, há 22 anos no ramo. Aumentou
muito o número de vagas oferecido no Japão este
ano. Algumas unidades fabris que estavam fechadas durante a crise
estão sendo reativadas, comenta Rosely Yamamoto,
da agência RY, da capital paulista, no ramo há 23
anos.
Mais
brasileiros indo ao Japão
A expectativa
para 2015 é a de ter mais brasileiros indo trabalhar no
Japão. O motivo da partida não se restringe à
recuperação da economia nipônica; ela é
também impulsionada pela atual situação do
Brasil: inversamente ao Japão, os problemas recentes de
ordem política e econômica daqui vêm gerando
incertezas em relação ao trabalho no curto prazo,
além do visível aumento do custo de vida e da criminalidade.
O alto
valor do dólar é mais um fator que volta a favorecer
aqueles que precisam sustentar suas famílias brasileiras.
Beth Ito, da agência Beth Turismo, há 25 anos no
ramo, afirma: Acredito que o movimento na agência
esteja sendo bem maior neste ano. Alguns representantes de empresas
japonesas que vieram ao Brasil no início de 2015 já
comentaram que, em torno de 2020, poderá haver muito mais
empregos, como nos bons anos do movimento decasségui.
Esse
otimismo também é confirmado pelo diretor Kléber
Ariyoshi, da Itiban, empresa sediada no Paraná e com filiais
em outros Estados. Ariyoshi que diz que a procura por emprego
no Japão aumentou em todos os Estados. Acredito que
2015 será um ano muito bom. Inclusive, essa boa notícia
foi trazida recentemente por nosso outro diretor, que esteve visitando
as fábricas e as empreiteiras no Japão. Na
agência In Time Tour, de São Paulo, Aparecida Arai
tem recebido famílias inteiras que querem ir ou retornar
ao Japão. A maioria por causa da vida difícil
aqui, mas uma delas porque foi vítima de violência:
sofreu um sequestro., conta Aparecida.
Alexandre
Asako e família
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O
custo de vida no Brasil é muito alto; e os salários,
muito baixos diz o sansei Alexandre Asako, 38 anos, que
se prepara para retornar ao Japão com a esposa e os dois
filhos pequenos. Fui pela primeira vez ao Japão em
1992 e retornei definitivamente em 2014. No Brasil, tentei abrir
um pequeno negócio com meu pai, mas não deu certo.
Procurei emprego, enviei mais de 400 currículos para diversas
empresas brasileiras e japonesas, desde metalúrgicas e
indústrias até para o setor de vendas de empresas
variadas. Recebi algumas respostas, mas, com o valor do salário
oferecido, é muito difícil sobreviver aqui,
desabafa Alexandre.
Cuidados
para quem quer viajar
Apesar
do otimismo em 2015, uma regra continua a mesma para o viajante
decasségui: o interessado deve sempre tomar cuidado com
os intermediadores ou com as agências de recrutamento. A
maioria é idônea, já trabalha no ramo há
muito tempo e, graças a eles, milhares de brasileiros conseguiram
visto, colocação, estadia e financiamento de passagem
para trabalhar no Japão. Entretanto, sempre aparecem aqueles
que agem de má-fé, prometem milagres com o único
objetivo de ganhar comissão. Eles geralmente encaminham
qualquer candidato, mesmo aqueles que não têm perfil,
para as vagas prometidas, fazem o interessado assinar diversos
documentos ou pagamentos antecipados e depois podem sumir ou oferecer
qualquer outra vaga inferior no Japão. Golpes acontecem
em qualquer lugar, em qualquer setor no Brasil, porém,
uma vez no exterior, sem recursos e sem assistência, problemas
ficam difíceis de serem resolvidos. Abaixo, veja algumas
dicas para obter maior segurança durante esse processo:
1)
Não se apresse em fechar a viagem. Mesmo que se encontre
em uma difícil situação financeira no Brasil.
2)
Pesquise bem. Muitas agências/intermediadoras oferecem
vagas das mesmas fábricas.
3)
Procure informações ou referências sobre
a agência/intermediadora escolhida. Normalmente, empresas
de longa data prezam sua reputação; se, eventualmente,
acontecer um problema, elas tentarão resolvê-lo
da melhor maneira possível, a não ser que a agência
envolvida seja nova, mas de algum conhecido do próprio
trabalhador.
4)
Desconfie de promessas encantadoras, muito diferentes
das demais.
5)
Não confie cegamente em tudo o que ouve, sempre leia
e tenha compreensão do teor de cada documento que assina
lembre-se de que ninguém é obrigado a assinar
contrato ou entregar pagamento no ato da assinatura. Se tiver
dúvidas, não assine. Pesquise mais, peça
mais esclarecimentos.
6)
Guarde todos os documentos, pois o fato de conseguir o visto
de entrada não significa que o trabalho esteja garantido.
Crise
e movimento decasségui
Desde
o início da crise econômica mundial do fim de 2008,
que afetou gravemente a economia japonesa, muitos brasileiros
regressaram ao Brasil. Para estimular o retorno dos trabalhadores
estrangeiros nessa fase difícil, o governo japonês
ofereceu, desde 2009, 300 mil ienes (cerca de 3 mil dólares,
na época) para quem quisesse voltar ao seu país
origem. No entanto, como havia restrições de retorno
para a obtenção do benefício, a maioria dos
retornados não recorreu a ele.
Dos
quase 125 mil retornados, em torno de 20 mil solicitaram o benefício.
No auge do movimento decasségui, entre 1993 e 1999, mais
de 300 mil brasileiros trabalhavam no Japão e movimentavam
cerca de 2,5 bilhões de dólares em remessas de valores
ao Brasil. Hoje, restam em torno de 175 mil brasileiros
muitos deles optaram por construir uma vida mais sólida
no País do Sol Nascente.
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