(Fonte:
IPCdigital.com)
O Brasil
vai discutir na próxima conferência nacional de migrações
e refúgio, no final de maio, uma política para os
retornados.
As
propostas dos brasileiros que vivem no Japão foram reunidas
durante três plenárias realizadas pelos consulados
brasileiros em Nagoya, Tóquio e Hamamatsu.
O apoio
aos dekasseguis retornados já é oferecido, há
alguns anos, por duas entidades com sede em São Paulo.
Estender estes serviços para o restante do Brasil é
um dos pedidos de quem veio de mais longe.
"Como
muitos retornam para outros estados brasileiros, a ideia é
que haja mais centros: de apoio psicológico para crianças
que voltam às escolas brasileiras, de iniciativas de empreendedorismo
ou para a busca de empregos. Tendo como base essas iniciativas
que tiveram êxito, a ideia é replicá-las em
outros lugares para atender os brasileiros que estão voltando
em número cada vez maior, afirmou Paulo Batalha da
Embaixada do Brasil em Tóquio.
O Ciate
(Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no
Exterior) foi criado no início do movimento dekassegui
para ajudar aqueles que pretendiam trabalhar no Japão.
É uma entidade mantida com recursos japoneses. A comunidade
de dekassegui no Japão chegou a ter mais de 300 mil pessoas.
Hoje, não passa de 180 mil.
Como
o objeto social do Ciate é dar apoio para aqueles que vão
ao Japão, então participamos da criação
do Niatre (Núcleo de Informação e Apoio aos
Retornados), que tem o apoio do governo brasileiro. Trabalhamos
em conjunto. Relata o presidente do Ciate, Masato Ninomiya.
Niatre
Uma
das atividades do Niatre é oferecer bolsa de estudos para
filhos de ex-dekasseguis. Cursos e palestras também estão
na agenda do núcleo. Alguns encontros, que são realizados
em São Paulo, reuniram empresas e ex-dekasseguis em busca
de emprego.
Alguns
retornados não estão acostumados a trabalhar com
o público, como no varejo, por exemplo, porque muitos trabalhavam
em linhas de fábrica no Japão, então isso
traz dificuldades de aproximação com o público.
Mas eles poderiam se preparar neste sentido de atendimento ao
público, comentou Reginaldo Paulista.
Reginaldo
viveu mais de vinte anos no Japão. Trabalhou em fábricas
e se dedicou ao estudo do idioma japonês, este diferencial
o ajudou a conquistar a gerência geral da empresa Daiso
do Brasil. Outros podem ter a mesma sorte, mas há muitas
barreiras que o brasileiro enfrenta ao retornar ao país
natal.
Falta
de emprego no mercado
A falta
de emprego é apenas um dos problemas enfrentados pelos
retornados. Tem alguns diferenciais que são destacados
no currículo, como o idioma estrangeiro, falar nihongo
é um diferencial bom, recomenda Daniel Kanashiro,
da Consultoria Sol Nascente.
A idade
também pesa na busca de uma vaga.
Essas
pessoas que voltaram do Japão, não só tem
conhecimento da língua e dos costumes japoneses, como eventualmente
tem conhecimento do processo de uma fábrica, então
são pessoas bastante úteis para as empresas japonesas,
afirma Daniel Kanashiro.
O
importante é mencionar essa experiência para cada
empresa e oportunidade que aparecer. Deve-se saber traduzir essa
bagagem de conhecimento e experiência em algo que possa
resolver um problema específico da empresa, de uma área,
ou de uma situação, aconselha Marcos Minoru
Akatsugawa da Ikesaki cosméticos.
Readaptação
na terra natal
Com
muito esforço e tempo, os retornados vão reaprendendo
a viver no Brasil.
Medo
sim, inclusive estava trabalhando em um supermercado e, no dia
das mães, fui assaltada. Depois queria sair de lá,
e graças a Deus estou em outro serviço que não
precisa atender o público, só que, andando na rua,
fui assaltada de novo, conta Tereza Yasuko Yoshike, que
morou 20 anos no Japão.
Já
Camila Yuri Belmonte, que também morou 20 anos no Japão,
revela outras dificuldades: Está sendo bem difícil,
não é fácil, entrei em depressão.
Wagner
Leite da Silva assume que precisa se adaptar ao ritmo brasileiro
mais uma vez. Estou tentando voltar a ser brasileiro. Com
o tempo, agente acaba se esquecendo da própria cultura.
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